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Retrospectiva 2018: Santos FC

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    Na Marcação
  • 5 de dez. de 2018
  • 15 min de leitura

Atualizado: 9 de dez. de 2018

Em ano recheado de altos e baixos, o Santos termina a temporada de 2018 deixando a impressão de que, apesar de tudo, poderia ter ido mais longe.


Por Rodrigo Sousa

05/12/2018 | 21h46


A décima colocação no Campeonato Brasileiro não foi o ponto baixo da temporada da equipe praiana. Desempenho irregular e campanhas curtas na Libertadores, Copa do Brasil e Paulistão incomodaram jogadores e torcida durante todo o ano, em período que clube viveu uma das maiores crises institucionais de sua história.


Pré-temporada


A oficialização do técnico Jair Ventura, logo no início de janeiro, deixou empolgados diversas esferas: a diretoria, os jogadores, a torcida e a imprensa. “Quando soube que Jair Ventura seria o técnico do Santos, pensei: "Baita acerto da diretoria". Até por conta do ótimo trabalho que ele havia feito num Botafogo limitadíssimo”, diz Gabriel dos Santos, setorista do Santos FC pelo globoesporte. A contratação do comandante carioca foi unanimidade, e foi o primeiro grande passo de José Carlos Peres à frente do Santos. Peres foi eleito presidente do clube após polêmica eleição do ano anterior, onde seu principal concorrente foi Modesto Roma Jr, antigo mandatário do clube.


Por outro lado as coisas estavam delicadas: o Peixe não contaria com peças importantes dos anos anteriores, como Ricardo Oliveira, Lucas Lima e Zeca, que se despediram do clube no fim da temporada anterior. A situação financeira deixada pela gestão anterior agravou a situação, pois o clube não poderia trazer jogadores do mesmo calibre, e assim o elenco se encontrava mais limitado.


Jair Ventura teve que começar a temporada apenas com os remanescentes da última campanha e alguns jovens que subiram da base. Eduardo Sasha e Gabriel Barbosa chegaram para complementar o plantel no fim de janeiro, por empréstimos do Internacional e Internazionale-ITA, respectivamente. O lateral-esquerdo Dodô foi outro reforço importante, chegando da Sampdoria no fim de fevereiro.


Paulistão


Enquanto a esperança da torcida com o novo técnico ainda era grande, os resultados da equipe eram modestos, a equipe santista teve dificuldade na campanha da primeira fase do Paulistão. O time obteve apenas cinco vitórias nos primeiros 12 jogos disputados, e protagonizou partidas vexatórias, como nas derrotas para Bragantino (0-1) e São Bento (1-3) na Vila Belmiro, o que abalou os nervos do torcedor alvinegro.


O ponto positivo nesse início de campeonato foi a ascensão do jovem Rodrygo, que havia estreado pela principal no fim do Brasileirão de 2017, sob comando de Elano. O Menino da Vila tirou o coelho da cartola em diversas oportunidades, ajudou a equipe a obter importantes pontos e de quebra “salvou a pele” de Jair.


O time da Vila se classificou para as quartas de final do Paulistão somando 18 pontos, contra 16 do segundo colocado, Botafogo-SP. Pelo chaveamento, Peixe e Pantera se enfrentariam nessa fase. Após duas partidas sem sair do 0-0, a decisão foi para os pênaltis, com o atacante Arthur Gomes selando a classificação santista ao converter a última cobrança.


O próximo desafio foi contra o Palmeiras, e o engrandecimento do clássico nos últimos anos não deixou a disputa menos empolgante. Santos e Palmeiras firmaram acordo no qual as duas partidas das semifinais seriam jogadas no estádio do Pacaembu, e por determinação da justiça, torcida única em ambos os jogos.


No primeiro encontro na capital paulistana, o Estádio Paulo Machado de Carvalho estava recheado de santistas, mas o torcedor não era só alegria estampada no rosto: muitos já estavam impacientes com o futebol desorganizado e reativo praticado pelo time de Jair. O técnico precisava apresentar algo novo e dar sua última cartada se quisesse se manter no comando do clube.


Entretanto, não foi bem isso que aconteceu. O Santos sofreu o único gol da noite em contra-ataque fulminante do Palmeiras: Willian mandou para as redes aos 11’ do primeiro tempo. O restante do jogo foi aberto e ambos os times tiveram chances claras de marcar, com o Peixe mantendo maior posse de bola, mas o desempenho não foi o suficiente para diminuir a vantagem alviverde para o jogo da volta.


Jair Ventura, apesar de ainda ser unanimidade na diretoria santista, já tinha a torcida puxando coro para sua demissão, e escalou o Santos para o tudo ou nada na partida de volta. Entraram em campo: Vanderlei; Dodô, Lucas Veríssimo, David Braz e Daniel Guedes; Alison e Renato; Rodrygo, Arthur Gomes, Gabriel e Eduardo Sasha.


Foi a primeira partida que o técnico ousou seu “4-2-4”, formação que causou surpresa a todos. E talvez o maior espanto tenha sido que a equipe reagiu bem a esse estilo de jogo, e levou a vantagem 2-1 para o intervalo, resultado que levaria a partida para os pênaltis. O primeiro tento santista foi em cabeceio de Eduardo Sasha aos 13’, mas o palmeirense Bruno Henrique empatou logo quatro minutos depois. O gol da vantagem foi em jogada de Rodrygo, que após jogada individual vê a bola respingando no pé de Gabriel, que bate pro gol mas acerta Sasha, que milimetricamente sobra para o pé esquerdo de Rodrygo, que coloca a bola no fundo das redes. Após reclamação acintosa dos palmeirenses, especialmente do meio-campista Felipe Melo, o gol é validado pela arbitragem.


O segundo tempo escancara alguns defeitos da equipe santista, e o time deixa de fluir, mas o Palmeiras do técnico Roger Machado também pouco agride. A decisão se encaminha mais uma vez para os pênaltis, mas o Peixe se complica após Diogo Vitor desperdiçar sua cobrança, e a conta fecha após o venezuelano Alejandro Guerra converter sua penalidade. O Palmeiras vai à final do Paulistão.


Apesar da derrota, o time mostrou ser “brigador” e disputou a classificação até o fim, contrariando a previsão dos mais críticos. Jair ganha crédito extra para continuar comandando a equipe.


Libertadores e início do Brasileirão


O Santos não ia muito bem no Paulistão, mas aos trancos e barrancos foi encaminhando sua vaga para as oitavas de final da Libertadores.


O Peixe liderou o Grupo 6 com dez pontos, e conquistou três vitórias nos seis jogos disputados. O primeiro jogo da equipe foi na decepcionante derrota para o Real Garcilaso-PER, onde o Santos esteve irreconhecível durante toda a partida. Mas logo na segunda rodada o alvinegro fez sua melhor partida na fase de grupos, na vitória de 3-1 contra o Nacional-URU, com dois gols de Sasha e uma pintura de Rodrygo, que anotou seu primeiro gol na Libertadores com apenas 17 anos de idade.


A vitória mais dramática do Santos nessa edição da competição foi contra o Estudiantes, pela terceira rodada, no estádio Centenário de Quilmes. A partida escancarou todos os problemas defensivos e táticos da equipe do Santos, mas acabou consagrando o goleiro Vanderlei, que não sofreu nenhum gol mesmo com os 29 chutes (dez na direção da meta santista) do rival, e operou milagres em solo argentino. O Santos, por outro lado, acertou apenas duas bolas no gol do Estudiantes, e colocou na rede na primeira oportunidade: em contra-ataque puxado por Rodrygo, Sasha dá meia-lua no defensor e encobre goleiro, acertando a trave, mas a sobra é de Arthur Gomes, que impedido coloca a bola no fundo das redes e sela a vitória aos 18 minutos da primeira etapa.

Após vencer o Estudiantes, na Vila, e perder para o Nacional no Gran Parque Central, o Peixe garantiu sua vaga nas oitavas após empatar em casa com o Real Garcilaso, já que o Estudiantes havia vencido o Nacional e não deu chance aos uruguaios de passarem dos oito pontos, contra dez do Santos.


Enquanto isso, no Campeonato Brasileiro, o Peixe se encontrava na 15ª posição da tabela - com um jogo a menos, é verdade, mas nada que aliviasse a situação de Jair Ventura. E o desempenho não melhorou até a pausa para a Copa do Mundo: foram três derrotas nas próximas seis partidas do campeonato, uma contra o Vitória em tarde de gala de Rodrygo, com três gols, e a outra justamente na última partida antes da pausa do campeonato, contra o Fluminense, resultado que mudou o curso do Peixe, pois foi o empurrão que Jair precisava para a diretoria continuar dando respaldo a seu trabalho e confiar nos frutos que a intertemporada poderia gerar.


Venda de Rodrygo


Em meio a desempenhos intocáveis, mesmo jogando em um time pouco regular no início do ano, o Real Madrid concluiu a transferência para contar com o atacante a partir do início da temporada 2019/20. O time da capital espanhola não esteve disposto a pagar os R$50 milhões, valor integral da multa da jóia da base, e acertou a seguinte fórmula com o Santos: €20 milhões à vista e mais €25 milhões parcelados. O total de R$172 milhões se consolida como a maior venda da história do Peixe.


Fim da era Jair Ventura


“Esse erro da diretoria foi inaceitável. O trabalho do Jair foi muito ruim, e ele merecia, sim, ter sido demitido antes da Copa do Mundo. Como a diretoria optou por mantê-lo, achei completamente contraditório o demitirem duas rodadas após o retorno do torneio. A permanência dele impediu que um treinador fizesse a intertemporada com o elenco e tivesse mais tempo de treinos, o que Cuca não teve quando assumiu o Santos na zona de rebaixamento”. A análise do setorista Gabriel diz muito sobre os erros que a diretoria santista vinha cometendo em seu primeiro ano de gestão. O técnico carioca teve mais de um mês para dar consistência à equipe, mas já em seus dois amistosos no México, contra Monterrey e Querétaro (derrota e empate, respectivamente), a torcida santista já voltava a torcer o nariz e temer pela volta do Brasileirão.


Foi quando Jair voltou a reclamar sobre a falta de reforços: “Jair cansou de pedir um meia, um camisa 10, e todos os reforços "de peso", que mudariam o patamar do time, chegaram após sua demissão”, lembra Gabriel.


Jair Ventura se despediu do Santos após 39 jogos, com 15 derrotas e apenas 14 vitórias. O aproveitamento de 44,4% fez com que o carioca se tornasse um dos piores técnicos do Santos no século, e a diretoria foi duramente criticada por, apesar do polêmico respaldo ao comandante, só segurá-lo por apenas mais duas partidas, empates contra Palmeiras e Chapecoense.


“Acho sim que o Jair teve o tempo necessário para mostrar serviço no Santos, até por que ele entrou em janeiro. Teve tempo para treinar, teve pré-temporada. Eu acho que ele fez um trabalho muito ruim no Santos, mas talvez a história teria sido outra se o Santos não fosse tão carente em algumas posições”, diz Matheus Cheganças, torcedor do alvinegro praiano.


Busca por técnico e reforços


Após demitir o último comandante, o Peixe promoveu Serginho Chulapa para ser técnico interino enquanto ventilava nomes para assumirem o comando técnico da equipe. Zé Ricardo e Dorival Jr eram nomes bem cotados, e o nome do colombiano Juan Carlos Osorio também foi especulado, mas as negociações do encarregado de de tirar o Santos do sufoco se arrastaram por cerca de uma semana.


Enquanto isso, o pacotão de estrangeiros já tinha sido anunciado pelo Peixe: Carlos Sánchez, Derlis Gonzalez e Bryan Ruiz. O último chegou com status de craque e foi apresentado com a camisa 10 de Gabriel Barbosa, o que gerou certo incômodo dentro do clube.


O Santos ainda não poderia contar com os gringos pois enfrentava problema no registro dos atletas no Boletim Informativo Diário da CBF. A demora no repasse dos documentos atrasou o Peixe, que acabou não podendo registrar os atletas para a Copa do Brasil, competição na qual o Santos se encontrava nas quartas de final, após eliminar o Luverdense-MT nas oitavas.


Chulapa comandou a equipe no empate contra o Flamengo e na derrota contra o América/MG, ambos jogos na Vila Belmiro. E o torcedor, vendo a situação do time, já ansiava a partida contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil e a contratação de um novo técnico.


Chegada de Cuca e primeira decisão


O nome de Cuca passa por todos os concorrentes e a pequena especulação rapidamente se torna realidade, e Alexi Stival acerta seu retorno ao Santos dez anos depois de sua última passagem pelo alvinegro praiano. O discurso do técnico era de “missão a cumprir”, relembrando o fraco desempenho quando teve sua única oportunidade de treinar o Santos e o momento complicado em que assumiu o clube.


O primeiro desafio seria contra o Cruzeiro do técnico Mano Menezes, na Vila Belmiro. O jogo foi truncado a todo momento e poucas chances de gol foram criadas por ambas as equipes no primeiro tempo, mas a equipe santista foi superior na intensidade.


Foi nessa partida que o VAR foi oficialmente introduzido ao futebol brasileiro, e aos 11 minutos do segundo tempo, o árbitro de vídeo estreou nos campos brasileiros: Em lance envolvendo o cruzeirense Lucas Romero e o santista Gabriel Barbosa, a nova tecnologia foi solicitada pelo árbitro Wilton Pereira Sampaio, que paralisou o jogo no fim da jogada para analisar a jogada. Chefiando a sala do VAR, Bráulio da Silva Machado orientou Wilton a não marcar o pênalti, para a revolta do atacante santista.


O jogo prosseguiu e parecia fadado ao empate, até que a equipe santista começou a pressionar os mineiros, mas viu o atacante Raniel, que tinha entrado há pouco, balançar as redes após falha da defesa do Peixe. Cuca perde em sua estreia.


Início ruim e calendário apertado


Cuca teve poucas oportunidades de treinar a equipe, muito devido ao calendário do futebol brasileiro: enfrentou 4 jogos em 11 dias, e além de derrota para o Cruzeiro, foram dois empates (contra Botafogo e Ceará, fora de casa) e nova derrota para Atlético Mineiro, no Independência. Apesar dos resultados negativos, já era notável uma evolução no jogo dos santistas, atrelado à estreia do meio-campista uruguaio Carlos Sánchez, e na base da conversa do novo técnico, que conseguiu corrigir problemas e recuperar a confiança dos atletas durante os dias de concentração. O Peixe voltou a vencer justamente contra a equipe que derrotou Cuca em sua estreia, o Cruzeiro, pelo jogo da volta da Copa do Brasil, dessa vez no Mineirão.


Apesar da confiança no trabalho do técnico, a torcida santista conhecia as dificuldades de se enfrentar a Raposa em seu estádio, e mais ainda em reverter um placar desfavorável contra um técnico “copeiro” como Mano Menezes. A cobrança sobre Cuca, que publicamente era difícil trabalhar com o calendário apertado, era mínima.


Logo aos sete minutos do primeiro tempo, o zagueiro Luiz Felipe sai de campo lesionado, e aos 12, Thiago Neves abre o placar para os cruzeirenses, após iniciar o jogo a todo vapor e sufocar a equipe santista. A desclassificação parecia perto e o jogo muito morno, mas Gabigol renovou as esperanças alvinegras ao fazer um gol de fora da área, aos 42 minutos do segundo tempo e iniciou a reação santista.


A torcida do Santos presente no Mineirão já fazia sua presença ser notada de maneira mais forte, e pela primeira vez na partida a tática preparada por Cuca começou a dar certo: os quatro atacantes escalados encaixaram contra-ataques perigosos e o gol parecia cada vez mais perto. Veio aos 39’, com cruzamento perfeito de Rodrygo e cabeceio de Bruno Henrique no ângulo do goleiro Fábio. Com a vantagem no placar, o Peixe recuou e sofreu pressão cruzeirense, que abusou da bola levantada na área, e viu no último lance da partida o também mais polêmico: faltando pouco para o fim dos acréscimos, Edilson cobra falta em direção à área santista mas a zaga afasta a bola, que sobra para o lateral Victor Ferraz lançar Gabigol diretamente do campo de defesa, mas o árbitro Rodolpho Toski ergue o braço e finaliza o jogo durante a trajetória da bola, o que revolta a equipe do Santos.


Jogadores rodeiam o juíz e o goleiro Vladimir é expulso após acalorada discussão com o trio de arbitragem, e o jogo vai para os pênaltis. Mas não era a noite do Santos. O ídolo cruzeirense Fábio defende as três cobranças do Santos, enquanto vê sua equipe converter todas suas penalidades e se classificar para as semifinais da competição. Mais uma vez não bastou ao Santos tentar recuperar a classificação de volta nas penalidades máximas e estavam eliminados novamente.


Polêmica na Libertadores


Após a eliminação com vitória diante do Cruzeiro e bela partida feita diante da equipe do Sport, vencida por 3-0 e com direito à show dos gringos, pelo Brasileirão, o Santos enfrentou o Independiente no estádio Estádio Libertadores de América, pela competição de mesmo nome, nas oitavas de final. Mas o bom empate conquistado pela equipe santista no confronto ficou em segundo plano, pois logo no dia seguinte o Rey de Copas denunciou o Santos por ter escalado o uruguaio Carlos Sánchez, que estava suspenso de competições sul-americanas por uma expulsão que havia acontecido três anos antes, quando ainda atuava pelo River Plate, em 2015.


Acontece que nem o próprio jogador se lembrava da expulsão, e só se recordou quando fez uma pesquisa no Google para se lembrar do ocorrido: jogando na Copa Sulamericana pelos Millionarios, Pato Sánchez se envolveu em confusão com um gandula que não queria devolver a bola rapidamente ao jogo, em partida contra o Huracán. Acertou um tapa no gandula e foi prontamente expulso pelo árbitro da partida, e ainda viu sua equipe ser eliminada da competição. A CONMEBOL prometeu tomar ações cabíveis e o Peixe tomou todas as medidas para não sofrer consequências do acontecido, e se apoiou no seguinte argumento: ao visitar a Comet, sistema oficial da CONMEBOL de situação de jogadores na América do Sul, o Santos não verificou nada de errado no registro do meia uruguaio, e mais, a própria entidade promoveu uma anistia aos jogadores em seu centenário, o que reduziu a pena de todos os jogadores pela metade (no caso de Sánchez, passaria de três jogos para apenas um).


O jornalista Gabriel dos Santos relembra: “Foram dias tensos, de muita expectativa pelo resultado do julgamento, que demorou a sair. Não só os atletas e comissão técnica, mas também a imprensa ficou bastante apreensiva. Fiquei 18 horas no tempo real do GloboEsporte.com no dia da audiência. O resultado só saiu no dia do jogo de volta e acabou com o sonho do Santos. Apesar de publicamente se manterem confiantes, os atletas e a comissão técnica sabiam que seria praticamente impossível reverter um 3 a 0. Tanto que, após o jogo, o Cuca fez duras críticas à diretoria do Santos em entrevista coletiva, dizendo que o clube tinha de melhorar muito profissionalmente”.


Apesar dos esforços, o clube foi punido pela CONMEBOL e precisou entrar em campo em busca de um resultado histórico, que não aconteceu. A narrativa da partida já era naturalmente tensa, o que piorou com o nervosismo dos santistas em campo, que não conseguiram realizar uma boa partida e viram os argentinos segurando a bola por toda a partida. O lance mais emocionante de todo o jogo foi quando o goleiro Vanderlei derrubou o atacante Pablo Hernández dentro da área e o juiz assinalou o pênalti, que foi defendido pelo santista e inflamou a torcida, que nesse ponto ainda acreditava na reviravolta.


O segundo tempo foi ainda menos competido pelas duas equipes e o jogo parecia ir para um final morno, mas a torcida santista se rebelou com toda a situação vivida pelo clube na última semana e, alguns torcedores, invadiram o campo e também jogaram as cadeiras do Pacaembu em direção ao campo. O árbitro, ao perceber a situação, logo finalizou a partida com 10 minutos de antecedência, e a participação santista na Copa Libertadores de 2018 foi finalizada de forma melancólica.



Crise interna


Após a eliminação na Libertadores a equipe de Cuca se recuperou no Campeonato Brasileiro, e além de se afastar da zona da degola, começou a disputar vaga na Pré-Libertadores com Atlético-MG e Cruzeiro, porém o Peixe tinha também outra preocupação, os conselheiros do clube aprovaram a votação para o impeachment da gestão de José Carlos Peres. A presidência inclusive estava rachada: José Carlos Peres e Orlando Rollo estavam se desentendendo desde o início do mandato e o vice apoiava o procedimento que poderia tirar Peres do comando do Santos.

A votação ocorreu no dia 29 de setembro, das 10h às 18h, e o clima nos arredores da Vila Belmiro era pesado. 3165 sócios votaram no processo, sendo 2001 contra o impeachment e 1155 a favor, além de oito nulos e um branco.

O jornalista dos Santos, que cobriu a votação em tempo real no GloboEsporte.com, conta que um dos momentos mais marcantes no dia foi quando o presidente José Carlos Peres chegou à assembleia-geral trajando um colete à prova de balas, tamanha eram as ameaças que o mandatário vinha sofrendo na época.



Com o poder mantido, Peres pôde continuar seu trabalho em iniciar os preparativos já para a temporada de 2019. O mandato do atual presidente se encerra no fim de 2020.


Reta final do Brasileirão


O Peixe mantinha vivo o sonho de disputar a Libertadores em 2019 e já contava com a presença na competição continental no planejamento do clube. A boa fase do atacante Gabriel deixou diretoria e torcida confiantes na vaga, já que uma vitória contra a Chapecoense na 33ª rodada colocaria o Santos no G-6, visto que o Galo havia empatado com o Palmeiras, também em casa.


O time da Vila havia perdido para o Palmeiras no Allianz Parque na rodada anterior, mas fez boa partida e os santistas estavam confiantes em vencer a Chape, candidata ao rebaixamento. Mas Leandro Pereira e o Verdão do Oeste tinham outros planos: vitória da Chape com gol de oportunismo do atacante, e o Santos perdeu sua melhor chance de entrar de vez na zona da Libertadores.


A partir dessa partida foram mais três derrotas, e com elas a chance de disputar a Libertadores se distanciou de vez, o que fez a partida contra o Atlético-MG na Vila - que seria decisiva para os rumos do Peixe no campeonato -, perder o ar de decisão, e a vitória foi simbólica apenas por representar o último triunfo da equipe no ano.


“A explicação natural é a quantidade de desfalques que o time teve na reta final do campeonato. Carlos Sánchez, Derlis González e Bryan Ruiz foram convocados para suas seleções, Bruno Henrique e Lucas Veríssimo se machucaram…”, diz Gabriel dos Santos, sobre a queda de rendimento do Peixe nas rodadas decisivas do Brasileirão.


Cuca garantiu que o objetivo do Peixe era escapar da segunda divisão e que seu dever no clube estava cumprido.


Fim da temporada


Ainda nas últimas rodadas da competição, Peres confirma que Cuca deixará o Peixe por problemas de saúde; o técnico confirma, e a expectativa é de que a diretoria encontre um novo comandante ainda em 2018 para adiantar o planejamento da próxima temporada.


O time da Vila termina o Brasileirão na 10ª colocação, seu pior desempenho na década, e disputará a Copa Sulamericana em 2019. Mas se ano coletivo do Santos não foi dos melhores, se pode dizer que individualmente os atletas do clube tiveram sucesso: Gabriel foi artilheiro do Brasileirão (18 gols) e Copa do Brasil (4 gols), e emplacou no time do Bola de Prata da ESPN. Já o atacante Rodrygo foi eleito o quarto melhor jogador sub-21 do mundo pela France Football, perdendo apenas para Mbappé, Pulisic e Kluivert.


“No todo eu acho que o ano não foi bom, mas também não foi o pior. Para ser otimista, a gente pelo menos foi longe nas competições que participamos, e no Brasileirão não ficamos na parte de baixo da tabela. A temporada do Santos foi um “grande mais ou menos”. Eu acredito que com essas peças que temos hoje dá pra ir bem no ano que vem. O que precisamos é manter os bons jogadores e fazer algumas contratações pontuais. Dá pra ir longe sim”, conclui o torcedor Matheus sobre a temporada do Santos em 2018.

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