ONG Missão África e Santos FC: Uma história marcante

(Foto: Reprodução Instagram)

Por Rodrigo Sousa

21/11/2018 | 23h37

Como um menino, uma camisa e uma foto podem mudar o rumo de uma comunidade inteira? Aconteceu em Santos e em Beira, no Moçambique. A história do pequeno João Chico resgatou a pureza do esporte, e mobilizou milhares de torcedores.

No dia 18 de junho de 2018, em meio à empolgação do início da Copa do Mundo, um acontecimento roubou a cena. Rafaella Kalimann, influenciadora digital e embaixadora do projeto ONG Missão África, fotografou João Chico vestindo uma camiseta do Santos FC. Junto a ele uma bola feita de retalhos, e os pés sujos acompanhados de suor e um sorriso no rosto representando o melhor que o futebol pode oferecer às camadas mais humildes da sociedade.

As principais das várias histórias do Santos na África vem de longa data: o clube viveu momentos únicos no continente quando ainda era liderado por Pelé e excursionava pelo mundo, o esquadrão santista parou o conflito no Congo em 68 e o na Nigéria em 69, mas dessa vez o desafio era outro.

O pequeno João Chico foi notado primeiramente por santistas que acompanham a blogueira Rafa Kalimann via Instagram. A comoção fez a foto ser percebida em outras redes sociais e por consequência a história chegou dentro do clube, que prontamente repostou a imagem e promoveu a primeira ação para a ONG. O Santos repassou R$1 por cada torcedor presente nos jogos do Santos contra Palmeiras, no Pacaembu, e Flamengo, na Vila Belmiro. Foram arrecadados exatos R$38.260,00, que chegaram na comunidade moçambicana no início de outubro.

Ana Carolina, 1ª Secretária da diretoria executiva do projeto e membra desde novembro de 2013, comenta que ações como a do Santos são importantes pois aumenta a visibilidade das comunidades, atraindo outros voluntários. “Coexistimos em um mesmo planeta e não podemos esperar que só o governo trabalhe o lado social. Precisamos ajudar a todos como um todo.” De todo dinheiro obtido pelo Santos, cerca de R$23 mil foram destinados a projetos do Missão África em Beira, R$10 mil à família de João Chico, e R$5 mil para a implementação de um projeto de futebol em Marromeu, comunidade em que vive João.

A ONG Missão África tem sede em Uberlândia e foi fundada após visita da idealizadora do projeto, Dra. Juliana Pontes, ao Moçambique em 2012. No país africano são 4 escolas infantis e 1 centro nutricional coordenados pela organização. Além disso, a ONG,em parceria com hospitais e universidades locais, provém cursos e treinamento para profissionais de saúde e educação., e fora isso, mais de 40 mil atendimentos médicos e cerca de 5 mil atendimentos odontológicos já foram realizados em todo continente africano.

Em Uberlândia, cidade-sede da ONG Missão África, também são organizados trabalhos voltados à educação, cultura e esporte com crianças, hoje atuando nos bairros Dom Almir e Martins.

“Fui pega de surpresa, e foi uma surpresa muito boa, não esperava que iria tomar esse rumo e ajudar tanto a ONG, o João, e a comunidade” disse Rafaella sobre a proporção que a foto de João tomou. A blogueira complementou dizendo que iniciativas vindas de instituições que influenciam muitas pessoas, como clubes de futebol, são muito benéficas a esse tipo de projeto, pois os olhares em cima das crianças e da comunidade se multiplicam.

João Chico é o protagonista de toda essa história, representante de toda sua comunidade e das vidas que se assemelham à sua no continente africano. Os brasileiros voluntários do projeto da ONG falam do garoto como símbolo de alegria e inocência, que mesmo em uma realidade cheia de carências, leva a vida sempre com o sorriso no rosto, e assim como tantas outras crianças, vê na bola de futebol a esperança de um futuro melhor.

Na última ação do Santos no Moçambique, o clube junto à ONG levou os ídolos Edu e Lima ao país, e não foi por acaso: os santistas bicampeões mundiais estiveram presentes em várias das excursões do clube pela África, quando o time viveu o auge da exposição da sua marca em nível mundial, protagonizando confrontos por todo o mundo.

No site do globoesporte, Edu e Lima contam emocionados sobre os momentos que que viveram como jogadores no continente e sobre as impressões que tiveram na nova visita. “Eles ficam olhando fixamente para você. Uma admiração, como se tivesse chegado a salvação. E aquilo ali mexe com a gente”, diz Edu.

Elias Santos, torcedor de longa data do Peixe, comenta com orgulho o episódio: “Eu como torcedor achei a ação muito legal, e é lindo ver meu time apoiar esse tipo de causa. João Chico é um menino muito especial, que aparenta ter uma pureza enorme no coração. Eu acho que clubes, não só no Brasil mas como no mundo todo, devem olhar mais para a África e ajudar como puderem, pois o esporte e especialmente o futebol tem esse poder de mudar e salvar vidas. Imagina se todos os clubes do mundo tomassem uma iniciativa como a do Santos, de arrecadar dinheiro pra ajudar instituições como a ONG Missão África? Seria lindo.”