Alex, o Canhão da Vila

Por Rodrigo Sousa

07/11/2018 | 23h30

Alex comemorando em jogo contra o Atlético-PR, em 2003. (Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press)

Alex Rodrigo Dias da Costa, mais conhecido como Alex, é natural de Niterói, cidade do litoral fluminense, nasceu no dia 17 de junho de 1972 e hoje tem 36 anos. Aposentado desde 2016, o ex-zagueiro foi consistente em todos os clubes que passou, do Juventus da Mooca, onde deu os primeiros passos, até o Milan da Itália, clube onde se despediu dos gramados.

Santos

Após período na base do Juventus da Mooca, Alex desceu à baixada santista para assinar com o Santos FC, em 2001.

Em 2002, pouco tempo antes do início da disputa do Brasileirão, o zagueiro vivia expectativa de ser emprestado a outra equipe litorânea, o Jabaquara, e participou de um jogo-treino entre reservas do time Santos e do próprio Jabuca, que disputaria a Série B do Paulistão B-3 daquele ano.

Emerson Leão, treinador santista recém-contratado, foi ao jogo-treino observar as peças menos badaladas do elenco. Ficou de olho em Alex, que se destacou pela compostura e força em campo. Foi convidado a treinar com a equipe principal no dia seguinte - mas foi barrado pelo treinador da equipe sub-20, por estar relacionado para uma partida no mesmo horário do treino. Alex foi ao jogo e deixou Leão aborrecido, o que fez o técnico ligar para o comandante do sub-20 e fazer reclamações. Gerada a briga, Alex acabou sendo bancado para a equipe principal por Leão.

Com a má fase da defesa do Peixe, que contava com os experientes Cléber e Odvan, o Santos acionou novamente a base e Alex foi escolhido junto a André Luís para formar a dupla de zaga apelidada pela torcida de “Torres Gêmeas”, pelo porte físico de ambos os atletas.

Apesar de terminar a primeira fase da competição em 8º lugar, o time venceu 5 dos 6 jogos do mata-mata da competição, incluindo as duas finais contra o arquirrival Corinthians, em ano que a equipe santista venceu todos 5 confrontos contra a equipe da capital. Além de Alex, o esquadrão alvinegro contava com as estrelas Robinho e Diego Ribas em ampla ascensão, tinha também Elano, Renato e Fábio Costa.

Em 2003 as atuações do jovem Alex continuavam se sobressaindo. O Santos terminou o Brasileirão em 2º lugar e não passou da 1ª fase do campeonato paulista. Pela Copa Sul-Americana, o zagueiro teve seu grande momento num gol assinalado contra o São Caetano, na Vila Belmiro. O tento foi o suficiente para garantir o Peixe na quartas de final da competição, fase na qual o Santos foi eliminado pelo peruano Cienciano, que naquele ano venceria o torneio.

O Peixe fez campanha histórica na Libertadores desse ano, terminando como vice-campeão após decisão contra o Boca Jrs. Alex marcou o único gol do Santos no confronto.

Alex acertou sua saída do Santos no meio da temporada de 2004, quando partiu para a Europa. Enfrentou resistência do técnico Leão, que não queria perder o melhor zagueiro do elenco.

Pelo Santos, foram 103 jogos e 20 gols. Alcançou em 2 oportunidades a equipe ideal no prêmio Bola de Prata da Revista Placar, nos anos de 2002 e 2003.

PSV

Após acertar transferência para o Chelsea, Alex foi emprestado imediatamente ao time de Eindhoven. Na época os Blues e os Boerens tinham um acordo que servia como espécie de teste para os jogadores: se rendessem na Holanda, estariam preparados para a Inglaterra.

Na Holanda, Alex se tornou ídolo. Recebeu o apelido de “De Tank” (“O Tanque”, em português), pela estatura e potentes cobranças de falta. Ganhou a titularidade rapidamente na temporada 2004/05, quando ajudou a equipe a vencer a Eredivisie - com certa facilidade, foram 10 pontos de diferença para o 2º colocado, o rival Ajax.

Naquela temporada o PSV alcançou as semifinais da Champions League. O time contava com os ainda jovens Gomes, goleiro ex-Cruzeiro, Park Ji-sung, que posteriormente brilhou no Manchester United, e era liderado por Phillip Cocu, que já consagrado, retornou ao clube depois de 6 temporadas no Barcelona. Foram eliminados pelo poderoso Milan em uma vitória por 3-1 em casa, castigados pela regra do gol fora, marcado por Ambrosini nos últimos momentos da partida.

A temporada 2005/06 elevou o ritmo: além do título da liga, o PSV também conquistou a copa nacional com Alex em grande forma. O que fez com que Piet Visser, olheiro holandês do Chelsea que levou nomes como Ronaldo e Romário para o próprio PSV em sua passagem pelo clube, recomendasse que José Mourinho integrasse Alex ao elenco londrino para resolver os problemas defensivos da equipe. A ideia não foi considerada pelo técnico português, que resolveu apostar em Khalid Boulahrouz, então zagueiro do Hamburgo.

Na temporada 2006/07 Alex viveu seu ano mais artilheiro pelo clube, com 8 gols. O grande momento da equipe foi na última rodada do campeonato, quando o clube de Eindhoven estava empatado em pontos com Ajax e AZ Alkmaar na última rodada do campeonato. O título poderia ser decidido no saldo de gols. AZ perdeu sua partida e caiu da disputa, Ajax venceu o Willem II fora de casa. Mas o PSV, no Philips Stadium, amassou o Vitesse por 5-1 e se sagrou tricampeão consecutivo.

Segundo o blog de futebol holandês Espreme a Laranja (@espremealaranja no Twitter), Alex cumpriu as expectativas e é um dos grande zagueiros que passaram pelo PSV após os anos 2000, e deixou saudade na torcida do clube de Eindhoven.

Chelsea

Chegou ao clube londrino para a temporada 2007/08 mas foi na seguinte que viveu seu melhor ano pelo clube. Com Ricardo Carvalho constantemente lesionado e seu antigo técnico de PSV no comando dos Blues, Alex disputou 41 partidas pelo Chelsea e ajudou o clube na conquista da FA Cup.

Marcou um gol de falta do Chelsea no confronto contra o Liverpool, nas quartas da Champions League desse ano. O jogo terminou 4-4 e os Blues avançaram para a semifinal contra o Barça, quando foram eliminados numa polêmica partida no Stamford Bridge.

Com o passar dos anos, Alex foi sendo cada vez sendo menos aproveitado pelo clube, considerando até trocar o Oeste pelo Norte de Londres, quando foi consultado pelo Arsenal, mas as conversas não evoluíram.

Pelo clube, Alex conquistou uma Champions League, um campeonato inglês, duas FA Cups e uma Community Shield.

PSG

Alex foi contratado pelo Paris em janeiro de 2012, quando o então diretor de futebol, o brasileiro Leonardo, fazia suas primeiras transações representando do projeto catari que faria o clube subir de patamar futebolístico. Quando desembarcou na capital francesa, encontrou os brasileiros Maxwell, Ceará, e Nenê - o jogador mais importante da equipe na temporada.

Pelo PSG foram conquistadas duas ligas francesas, uma Copa da França e um Troféu dos Campeões da França.

Apesar da ótima passagem pela equipe francesa e três temporadas ascendentes, o contrato de Alex não foi renovado pela diretoria parisiense, e o zagueiro deixou o clube.

Milan

Alex chegou de graça ao clube italiano em junho de 2014, quando assinou contrato de 2 anos com a equipe rossonera. Estreou no jogo contra a Lazio, vencido por 3-1 pelo seu novo clube.

Em seu primeiro ano a equipe terminou o campeonato italiano na 10ª colocação. A temporada 2014/15 foi mais uma de crise financeira no Milan, mas foi a primeira na qual foi evidenciada também a crise técnica. O técnico Inzaghi não desencantou como técnico e o clube teve seu pior desempenho no século. Alex foi consistente numa equipe irregular e fugiu das críticas feitas ao elenco.

Na temporada 2015/16, as coisas melhoraram. Após modestas contratações, o time evoluiu e deslumbrou belos momentos na temporada. Para Alex, o Derby contra a Internazionale foi marcante: de cabeça, o zagueiro abriu o placar para o Milan, no jogo que terminou 3-0 para os rossoneri.

Alex, logo após marcar seu gol mais importante pelo Milan. (Foto: Olivier Morin / AFP)

No fim dessa mesma temporada, o contrato de Alex expirou e assim acabava sua passagem pelo Milan.

Especulações do fim da carreira, e aposentadoria

Ainda em 2016, após a temporada no Milan, Alex voltou para sua residência em Santos, onde começou um tratamento no joelho no clube que o revelou. Tinha algumas propostas na mesa, uma delas era do Porto. Acertou salários e foi fazer exames médicos em Portugal, mas não passou nos exames e sua contratação foi frustrada. No mesmo período, também foi procurado pelo próprio Santos, que tinha problemas defensivos na época, mas o zagueiro foi vetado pelo mesmo motivo.

No fim do mesmo ano, Alex foi submetido a uma nova cirurgia no joelho e decidiu por fim se aposentar da carreira de jogador aos 34 anos de idade.