Oitocentas vezes Fábio. A consolidação do ídolo celeste
- Na Marcação
- 6 de nov. de 2018
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Por Vitor Bueno
06/11/2018 | 23h03
Quando se fala em “goleiro do Cruzeiro” o primeiro nome associado é o de Fábio, o jogador é quase que a personificação da expressão.

Marcas expressivas compõem a passagem do arqueiro pelo clube de Minas Gerais, são mais de 800 jogos, 14 temporadas seguidas como titular na meta do Cruzeiro, 25 pênaltis defendidos, 11 títulos, além de defesas sensacionais e históricas. Fábio é, de fato, unanimidade quando se fala em goleiro na Toca da Raposa, unânime entre a diretoria, entre torcedores, entre jornalistas, unânime na história do Clube.
Com tantos números importantes, o atual goleiro celeste é visto por muitos como o maior da história do time mineiro, superando nomes importantes e consolidados como Dida, Gomes e o lendário Raul Plassmann.
O gol está no sangue
Filho do “seu” Docão, que também atuava no gol, parecia que já estava escrito, como uma marca sanguínea na família. Quando jogava em sua infância, Fábio não gostava muito de correr e se dava bem com as mãos, como disse em entrevista ao Globo Esporte Minas: “sempre tive facilidade com as mãos e nunca fui fã de correr não, não nasci pra correr”.
A ida ao Cruzeiro
Após ser observado e se destacar ao jogar um campeonato em sua cidade, Aparecida do Taboado, foi levado ao juniores do União Bandeirante, onde também se destacou. Zé Bisteca, dirigente do União à época, o levou ao Cruzeiro depois de uma passagem pelo Atlético Paranaense e foi aí que tudo começou.
A primeira passagem pelo Cruzeiro foi entre 1999 e 2000, por empréstimo, depois foi vendido ao Vasco, onde fez boas atuações e retornou ao Cruzeiro em 2005, agora de forma definitiva. O goleiro chegou para ser titular e foi bancado pelo técnico Levir Culpi, que apesar de algumas falhas o manteve entre os 11 iniciais do Cruzeiro. O respaldo do treinador foi fundamental para Fábio seguir sua carreira e se consolidar como hegemônico no gol do time celeste.
Fé em Deus: um alicerce na carreira do jogador
Foi em 2007, após um jogo ruim contra o Atlético Mineiro, aquele 4 a 0 que todos se lembram, em que Fábio falhou e falhou feio, tomou até gol de costas e, se não bastasse, saiu de campo com uma lesão no joelho, que o jogador deu uma guinada crucial em sua vida e em sua carreira. Segundo o próprio, foi o momento em que encontrou Deus e fez da fé n’Ele o principal alicerce de solidificação da sua vida. Ainda para o GE, o jogador disse que “esse gol foi o único gol que me trouxe a verdadeira alegria que foi reconhecer que eu precisava de Jesus”. Com essa mudança, Fábio conseguiu se consolidar de fato na posição, através de uma mudança em seus comportamentos e do aumento de seu comprometimento. Fábio agora era titular para nunca mais sair.
Coletivo e individual: os altos e baixos
O goleiro esteve nos momentos mais alegres e nos mais difíceis do time nas duas últimas décadas. Perdeu uma final de Libertadores em 2009 em pleno Mineirão, ajudou o time a se salvar do rebaixamento em 2011. Mas também participou das mais felizes glórias. Além da conquista de 11 Campeonatos Mineiro, levantou duas taças do Brasileirão de forma seguida, em 2013 e 2014 e também de forma seguida foi fundamental nas conquistas das Copa do Brasil de 2017 e 2018. Dos 25 pênaltis defendidos vestindo o manto celeste, dois foram em disputas de pênaltis na Copa do Brasil 2017, um de Luan, do Grêmio, na semifinal e outro que saiu dos pés de Diego, do Flamengo, na final e outros três foram defendidos na Copa do Brasil 2018, todos na disputa contra o Santos, pelas quartas de final, em uma atuação de gala do arqueiro.
Do ponto de vista coletivo foram momentos de alegria e de dificuldade e do individual também. O goleiro passou por alguns momentos ruins na meta cruzeirense, os quais pareciam acompanhar a fase do time, e viu sua situação com a torcida celeste ranger, alguns pediam sua ida ao banco de reservas e outros clamavam, inclusive, sua aposentadoria. Fábio saiu da situação com o respaldo da diretoria e da comissão técnica e também com muita classe, fez defesas importantes que ajudaram muito o time em momentos cruciais.
Mas quem dera se o maior dos problemas fosse esse, em uma partida contra o Coritiba no Independência, pelo Brasileirão de 2016, no dia 14 de agosto, Fábio sofreu uma grave lesão, exames constataram uma ruptura no ligamento cruzado do joelho direito, resultado: oito meses fora de campo. O jogador retornou aos gramados em meados de abril de 2017 e, naquele ano, foi importantíssimo na conquista da Copa do Brasil.
Em 2018, outra tragédia, seu pai, “seu” Docão, faleceu no dia 26 de fevereiro, dia antes da estreia do Cruzeiro na Libertadores 2018. A notícia abalou o jogador, que voltou a Belo Horizonte e não jogou dia 27 contra o Racing. Porém, apesar do acontecimento, Fábio fez um excelente ano e conquistou a Copa do Brasil 2018, sendo um dos destaques do título.
Importância que não se mede
A importância de Fábio no Cruzeiro é fundamental, tanto dentro como fora de campo. O goleiro era capitão do time até 2017, até perder a braçadeira após ficar oito meses fora dos gramados por conta de lesão. Quando voltou ao time, minimizou o fato de Henrique ser o novo dono do capitaneio e disse: “A braçadeira é só um acessório para mim. Nunca dependi da braçadeira pela forma. Respeito não é imposto, é conquistado. O que vale é o que sinto dentro de mim, a personalidade de querer ajudar, orientar, desde a categoria de base. Isso vem da personalidade que formei ao longo dos anos”.
Em entrevista ao Blog, o setorista do Cruzeiro Guilherme Guimarães tocou no assunto referente ao papel do goleiro no Cruzeiro e disse: “Falar do Fábio sem lembrar do Cruzeiro hoje é impossível e também falar do Cruzeiro nesse momento sem lembrar do Fábio não há como, então o Fábio e o Cruzeiro criaram uma simbiose muito forte, uma identificação muito bonita”, o que prova o quão forte é o jogador no Clube.
Oitocentas vezes Fábio
Ano após ano Fábio joga cada vez mais, faz defesas cada vez mais importantes e a idade parece não ser um problema para o guarda redes, como alguns dizem “Fábio é como vinho, quanto mais velho, melhor fica”. Com todos os seus títulos, suas defesas e marcas de expressão conquistadas ao longo dos anos em que está no Cruzeiro e que aumentam cada vez mais, Fábio vai se consolidando cada vez mais como ídolo e como o maior goleiro da história do Clube. Esse ano, no dia 21 de outubro, Fábio completou 800 jogos na meta celeste e, a cada vez que ele entra em campo, é uma alegria para o torcedor. São oitocentas vezes Fábio, oitocentas alegrias para o torcedor cruzeirense.
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