Dios Lugano! O uruguaio que fez história no Morumbi

Por Caio Coutinho

09/11/2018 | 10h02

Pablo Forlán, Darío Pereyra, Pedro Rocha e... Diego Lugano! A lista de uruguaios que se tornaram ídolos do São Paulo é extensa, mas o maior deles é Diego Alfredo Lugano Moreno. A raça que o zagueiro demonstrava em campo, atrelada as conquistas do Paulistão, da Copa Libertadores e o Mundial de Clubes de 2005, fizeram com que Lugano se tornasse uma referência no milênio tricolor.

Lugano durante o Mundial de Clubes de 2005

Início da carreira e chegada ao São Paulo

Natural de Canelones, no Uruguai, Lugano é filho de Alfredo Lugano e Diana Moreno. O zagueiro começou a jogar futebol em sua cidade natal, pelo Club Atlético Libertad. Em dezembro de 1998 jogou sua primeira partida com a equipe principal do Libertad, e foi campeão no Sub-18. Em 1999, Lugano foi contratado pelo Nacional, de Montevidéu. Três anos mais tarde, foi emprestado ao Plaza Colonia por duas temporadas.

Em 2003, ele chegou ao São Paulo sob muita desconfiança do técnico Oswaldo de Oliveira e até mesmo da torcida, porque o presidente Marcelo Portugal Gouvêa havia bancado a sua contratação. Nos primeiros meses de tricolor, Lugano não teve muitas oportunidades para mostrar o seu trabalho e chegava a ficar de fora até do banco de reservas.

Oswaldo de Oliveira foi demitido do Tricolor ainda em 2003. Cuca foi o substituto e passou a dar mais oportunidades para Lugano mostrar trabalho. O zagueiro ainda chegaria a trabalhar com Emerson Leão e Paulo Autuori.

2005 e o auge no Tricolor

Lugano já havia conquistado a titularidade absoluta na equipe de Emerson Leão. No Campeonato Paulista, teve atuações de destaque e se tornou o “xodó” da torcida, ajudando a equipe a conseguir o título.

Na Libertadores do mesmo ano, disputou 13 dos 14 jogos do time e teve atuações marcadas pela raça, chegando até a marcar um gol. Lugano foi campeão pela segunda vez com a camisa tricolor e o status de ídolo começava a surgir.

Antes de embarcar no Japão para a disputa do Mundial de Clubes, Lugano ainda foi nomeado como um dos melhores zagueiros do Campeonato Brasileiro de 2005. Com dois títulos coletivos um 1 individual no ano, o zagueiro chegou ao país asiático com muita moral e não decepcionou novamente: a atuação de Diego Lugano na final da competição contra o Liverpool foi uma das mais marcantes de sua carreira e da história do São Paulo, contribuindo assim para que o time conquistasse o terceiro título do ano.

Lugano ainda participou da Libertadores de 2006 e foi vice-campeão.

Foram 176 jogos entre 2003 e 2006, além de 11 gols.

Fenerbahçe

Se transferiu para o Fenerbahçe após a final da Libertadores de 2006. No time turco, foi titular por 4 anos seguidores e conquistou duas vezes o Campeonato Turco e a Supertaça da Turquia.

Lugano se mostrou eficiente no ataque do time turco, marcando cada vez mais gols de cabeça. Com fama de jogador “raivoso”, Lugano se tornou ídolo pelo que mostrava em campo e pelas provocações ao rival Galatasaray. Em 2008, depois de um cartão vermelho, ele foi suspenso por cinco semanas após o jogo contra o rival, quando entrou em uma briga com Emre Aşık.

O uruguaio chegou a ser um dos capitães da equipe.

Paris Saint-Germain, Málaga, West Bromwich e BK Häcken

Se tornou jogador do PSG em 2011, porém não teve o mesmo sucesso na França. Em duas temporadas, fez apenas 21 jogos e marcou um gol. Foi emprestado ao Málaga da Espanha, a fim de recuperar a boa forma, mas fez apenas 11 jogos e não teve boas atuações.

Na Premier League, assinou um contrato de dois anos com o West Bromwich. Oito meses depois teve seu contrato rescindido, realizando apenas 12 jogos.

Em uma última tentativa de jogar na Europa, Lugano ainda jogou pelo time sueco BK Hacken, com um contrato de meia-temporada. Fez 11 jogos e não teve destaque.

Retorno ao Uruguai

Em 2015 o São Paulo vivia uma das suas maiores crises e a torcida clamava pela volta de Diego Lugano. Apesar de demonstrar interesse em voltar pro Tricolor, ele foi contratado pelo Cerro Porteno. Lá ele conseguiu fazer boas atuações nos seus 16 jogos, além de incríveis 5 gols.

Em 2016, a diretoria do São Paulo cedeu aos pedidos da torcida e fez esforços para contratar o zagueiro novamente. "Estou fazendo uso da cláusula de rescisão, mas só utilizo por ser o São Paulo, meu clube. Antes, chegaram propostas muito melhores da Ásia, da China, do Catar, mas não levei em conta porque estava muito bem no Paraguai. Mas o São Paulo faz parte da minha história e decidi”.

Apesar de toda a expectativa da diretoria e da torcida com a volta do ídolo uruguaio, suas atuações foram prejudicadas pelo seu físico já desgastado e pela falta de entrosamento da equipe. Lugano fez 36 jogos durante 2016 e 2017, sendo que 14 desses foram derrotas.

Mesmo com as más atuações, o zagueiro nunca demonstrou desconforto com o banco de reservas. A paixão da torcida para com ele era a mesma. Em janeiro de 2018, aceitou o convite do São Paulo para ser dirigente do clube e encerrou sua carreira como jogador profissional.