10 anos de três títulos brasileiros consecutivos: destrinchando a conquista do São Paulo
- Na Marcação
- 6 de dez. de 2018
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O São Paulo conseguiu ficar na liderança do Campeonato Brasileiro de 2018 por dois meses. O time foi campeão do primeiro-turno, com a melhor campanha da equipe na história dos pontos corridos (41 pontos em 19 jogos). A trajetória do time até o mês de agosto era, ao mesmo tempo que uma surpresa, um alívio para o torcedor, já que nesse ano o Tricolor completa 10 anos do hexacampeonato brasileiro.
Foram três títulos seguidos em 2006, 2007 e 2008. Nenhum time na história havia conseguido o feito de vencer o Campeonato Brasileiro três vezes seguidas antes do São Paulo de Muricy Ramalho. Nessa reportagem, contaremos como essa equipe foi construída para entrar na história e como o São Paulo caiu de produção nos 10 anos que se passaram.
O PRÉ-2006: TÍTULOS DE LIBERTADORES E MUNDIAL COLOCAM O SÃO PAULO EM OUTRO PATAMAR
Em 2005, o São Paulo era comandado por Paulo Autuori e foi campeão da Copa Libertadores, em uma campanha fantástica de apenas uma derrota. A equipe titular era composta por: Rogério Ceni, Cicinho, Fabão, Diego Lugano, Edcarlos, Júnior, Mineiro, Josué, Danilo, Luizão e Amoroso. Destaque ainda para Alex e Diego Tardelli.
Essa equipe era marcada pelo estilo ousado de jogar. Amoroso e Luizão formavam uma dupla de ataque que marcava muitos gols e Danilo vivia o seu auge fisicamente. Além disso, a zaga era consistente, com um pouco da raça de Lugano e da tranquilidade de Fabão e Edcarlos.

A final da Libertadores de 2005 foi contra o Atlético-PR. Houve na época uma polêmica sobre o estádio em que seria realizada a partida da ida, pois a Arena da Baixada, estádio do time paranaense, não tinha capacidade para 40 mil pessoas e o São Paulo e a Conmebol não aceitaram que o jogo fosse realizado no local. Por esse motivo, o jogo foi realizado no Beira Rio e terminou em 1-1. Na volta, o Tricolor dominou os 90 minutos e goleou por 4-0.
Ainda em 2005, o time fez boa campanha no Campeonato Brasileiro, mas poupou-se para a disputa do Mundial de Clubes no final do ano. O adversário era o Liverpool. Na época, o time inglês era considera uma equipe fantástica, formada por grandes craques como Steven Gerrard, Xabi Alonso e Pepe Reina, além de ser treinada pelo espanhol Rafael Benítez.
A final foi um grande jogo de ataque contra defesa. Ainda nos primeiros minutos, o Liverpool conseguiu fazer uma pressão na defesa tricolor e teve inúmeras chances de gol. Mas aos 27 minutos, Amoroso deu um passe mágico para Mineiro abrir o placar. A partir daí, o São Paulo não teve mais chances de gol e contou com um dia inspirado do goleiro Rogério Ceni, que fez defesas milagrosas. Esse título colocou o São Paulo em um outro patamar. O Tricolor saía de Tóquio (lugar aonde foi disputada a partida) com o tricampeonato do Mundial para que daí pra frente conquistasse também um tricampeonato do Campeonato Brasileiro.

Paulo Autuori deixou o comando do São Paulo para comandar o japonês Kashima Antlers ao final da temporada de 2005. Para seu lugar, Muricy Ramalho foi contratado junto ao Internacional. Muricy veio de uma boa campanha no time gaúcho, que ocupou a segunda posição do Brasileiro daquele mesmo ano.
2006: O COMEÇO DA ERA MURICY E O PRIMEIRO TÍTULO
O São Paulo vinha de um ano inesquecível e os planos para 2006 eram esperançosos. O elenco do time titular foi quase mantido por inteiro – apenas Lugano e Luisão saíram – e alguns reforços importantes chegaram, como o lateral Richarlyson e os atacantes Leandro e Ricardo Oliveira.
No Campeonato Paulista, na época ainda disputado por pontos corridos, o Tricolor era o atual campeão e ocupou a segunda posição.
Na Taça Libertadores, o São Paulo também era o atual campeão e entrou firme para defender o seu título. Em um grupo formado por Caracas, da Colômbia, Cienciano, do Peru e Guadalajara, do México, o time conquistou a primeira colocação, com quatro vitórias, nenhum empate e duas derrotas.
Nas oitavas de final, um confronto extremamente difícil contra o rival Palmeiras. Com um empate na ida, fora de casa, o São Paulo encaminhou bem a vaga e venceu na volta, por 2-1. Já nas quartas, o adversário foi o Estudiantes, da Argentina. Dessa vez o confronto foi ainda mais um teste cardíaco para os torcedores. Com um 1-0 nos dois jogos, a disputa foi para os pênaltis e o Soberano venceu o time argentino.
O Guadalajara, que estava no mesmo grupo do São Paulo no começo da competição, era o próximo adversário do Tricolor. Anteriormente, o time mexicano venceu nas duas oportunidades. Mas nas semifinais o São Paulo deu o troco e também venceu os dois confrontos, por 0-1 e 3-0.
Já na decisão, o time de Muricy tinha novamente um time brasileiro pela frente: o Internacional, antigo clube do técnico. O São Paulo fez duas partidas excepcionais, tanto no Morumbi (1-2) quanto no Beira-Rio (2-2), mas dessa vez não conquistou a maior competição das Américas.

Ao mesmo tempo em que a Copa Libertadores acontecia, o Campeonato Brasileiro também estava ocorrendo. O São Paulo não vencia a competição há 15 anos e até ser eliminado pelo Internacional na Libertadores, não vinha dando muita atenção para o campeonato. É importante destacar que o time de Muricy era marcado por muita raça e por ser um time que entregava a bola ao adversário, além de abusar das bolas paradas e jogadas ensaiadas, bem como uma competição de pontos corridos pedia.
Nos quatro primeiros jogos do Brasileirão, o Tricolor venceu três (1-0 no Flamengo, 4-0 no Santa Cruz e 3-1 no Corinthians) e perdeu apenas um para o Fortaleza (0-1). Na quinta rodada, mais uma derrota contra o Internacional (1-3). A partir daí, o São Paulo ficou oito jogos sem perder: seis vitórias (com direito a uma goleada contra o rival Palmeiras) e dois empates.
Em 12 rodadas, a equipe de Muricy Ramalho já possuía a liderança absoluta do campeonato. Na décima sétima rodada, Rogério Ceni fez dois gols contra o Cruzeiro e conquistou um empate que viria a ser a marca da conquista desse campeonato. Um gol de pênalti e outro de falta. O “mito” (apelido de Rogério carinhosamente colocado pela torcida) se tornou nessa partida o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos.
O São Paulo foi campeão do primeiro turno com apenas três derrotas e tinha tudo para “patinar” no segundo turno. E assim o fez. Com algumas goleadas, vitórias em clássicos e apenas uma derrota, o Tricolor chegava na 36ª rodada precisando apenas de um empate contra o Atlético-PR, em casa, para se sagrar campeão. O clima dessa partida era semelhante àquele da final da Libertadores de 2005, e como nessa ocasião, o Soberano se saiu melhor. Com um empate por 1-1, o São Paulo vencia o Campeonato Brasileiro de 2006 com nove pontos de diferença do vice-líder Internacional.
Rogério Ceni foi eleito o melhor jogador da competição e Muricy Ramalho o melhor técnico. Ainda apareceram na seleção do Campeonato, feita pela Revista Placar: Ilsinho, Fabão, Mineiro e Aloísio Chulapa.

2007: UM TÍTULO AINDA MAIS SOBERANO
Após as conquistas de Libertadores, Mundial e Campeonato Brasileiro, o São Paulo entrava no ano de 2007 como favorito a praticamente todas as competições que disputasse. Mas, dentro de campo as perdas foram significativas: Mineiro e Josué, a dupla de volantes do título mundial, já haviam deixado o clube; Fabão, zagueiro fundamental para o título Brasileiro de 2006, também foi embora; Danilo, uma das peças mais fundamentais do meio-campo são paulino, também deixou o time; Ilsinho, lateral-direito revelado na base, também saiu.
Com tantos desfalques, o São Paulo precisaria de novas contratações para manter o embalo de títulos. A diretoria do clube na época não decepcionou e foi atrás de uma lista extensa de contratações: Hernanes, que estava emprestado ao Santo André; Jorge Wagner, meia do Betis; Zé Luís, que fez bons jogos pelo São Caetano; Hugo, meia que se destacou no Grêmio; Borges e Dagoberto; dupla de ataque que se encontraram no Atlético-PR e o zagueiro Breno, que veio da base.
No Campeonato Paulista, uma boa campanha nos pontos corridos, com apenas uma derrota. Na fase mata-mata, uma dura derrota contra o São Caetano, por 4-1. Entretanto, a eliminação fez com que o São Paulo pudesse focar na Libertadores daquele mesmo ano.
Com um grupo formado por Audax Italiano, do Chile, Allianza Lima, do Peru e Necaxa, do México, todos times de pouca história na competição, o time de Muricy não teve problemas para se classificar para as oitavas de final, com três vitórias, dois empates e uma derrota.
O Grêmio era o próximo adversário do Tricolor. Na ida, o São Paulo encaminhou a classificação com uma boa vitória por 1-0. Porém, no jogo de volta, o Grêmio teve o apoio de sua torcida, ainda no finado estádio Olímpico e venceu por 2-0, eliminando o time de Muricy.
Três dias após a eliminação da Taça Libertadores, estreava o Campeonato Brasileiro de 2007. Jorge Wagner, André Dias, Hernanes, Dagoberto e Borges entraram no time titular nas vagas que eram de Jadílson, Richarlyson, Souza, Leandro e Aloísio. As mudanças fizeram com que o São Paulo começasse a competição com muita instabilidade. Nas cinco primeiras rodadas, duas vitórias (2-0 no Goiás e 1-0 no Paraná), um empate (0-0 contra o Palmeiras) e duas derrotas (0-1 contra o Náutico e 0-1 contra o Atlético-MG). O time sofria com a falta de pontaria e com erros bobos da zaga.
A partir da sexta rodada, Muricy Ramalho foi conseguindo consertar esses erros e dar mais continuidade ao trabalho que havia mudado bastante em relação à 2006. Com algumas vitórias importantes, como no clássico contra o Santos por 2-0 e contra o Vasco, também por 2-0, e alguns empates difíceis, como contra o Corinthians no Pacaembu por 1-1 e contra o Flamengo por 0-0, o São Paulo chegou até a 13ª no meio da tabela.

No dia 22 de julho de 2007, o São Paulo ia até o Mineirão para enfrentar o Cruzeiro. O time saiu atrás no placar, com um gol de Leandro Domingues e conseguiu virar com um gol de cabeça de Breno e um dos mais belos gols da competição, de Hernanes. Deste jogo em diante o São Paulo conquistaria um feito que praticamente garantia o título da maior competição nacional. Foram 16 jogos sem derrota: 14 vitórias e dois empates.
Após o Cruzeiro, o Tricolor venceu Sport (3-1), América de Natal (1-0), Juventude (3-1), Grêmio (2-0), Botafogo (2-0) e Atlético Paranaense (2-0). Essas vitórias garantiram novamente o título simbólico de campeão do primeiro turno. Muricy havia encaixado um time competitivo, que raramente tomava gols e usava da bola parada e dos contra-ataques para vencer partidas difíceis. Líder isolado, o São Paulo procurava não comemorar antes da hora. “Mantemos a seriedade. Temos que nos preocupar só com a gente”, disse Dagoberto na época.
Na 20ª rodada, um empate contra o Goiás por 0-0. E logo após, mais três vitórias seguidas. Uma goleada contra o Náutico, por 5-0. Uma vitória complicada contra o rival Palmeiras, por 1-0. E mais uma goleada, dessa vez contra o Paraná, por 6-0.
Na 24ª e 25ª rodadas, mais quatro pontos conquistados com uma vitória diante do Vasco, por 2-0. E um empate sem gols contra o Atlético-MG. Durante a 17ª rodada e a 25ª, o São Paulo não levou sequer um gol. Foi uma marca histórica de 987 minutos sem um rival marcar as redes do gol de Rogério Ceni. O recorde acabou apenas na 26ª rodada, quando o Santos marcou o gol de honra da equipe, em derrota por 2-1.
Ainda viriam mais duas vitórias. Uma contra o Figueirense, por 2-0, e uma contra o Internacional, por 2-1. O São Paulo chegava a esse ponto da competição com uma distância enorme sobre o segundo colocado e sem ter perdido dois jogos seguidos nenhuma vez. O time se deu ao luxo de perder para Corinthians e Flamengo, dessa vez de maneira consecutiva, mas sem prejudicar o caminho para o pentacampeonato.
Na rodada de número 31, um empate contra o Fluminense dava início a caminhada final pelo título. Na 32ª, com o Morumbi lotado de 60 mil pessoas, o São Paulo vencia o Cruzeiro por 1-0 e aumentava a diferença para o vice-líder Palmeiras para incríveis 13 pontos. O título era questão de tempo. Na rodada seguinte, mais uma vitória, dessa vez contra o Sport, por 2-1.
Dias depois da vitória contra o Cruzeiro, a equipe de Muricy foi eliminada da Copa Sul-americana. Não é exagero dizer que a competição “B” das Américas foi esnobada pelo São Paulo em 2007.
Entretanto, no Campeonato Brasileiro a história era diferente. Um empate contra o América de Natal daria o título para o São Paulo na 34ª rodada, com quatro jogos de antecedência. Mas com quase 70 mil pessoas no Morumbi, o São Paulo fez uma das melhores partidas do ano e venceu por 3-0. Hernanes, Miranda e Dagoberto, três dos melhores jogadores do campeonato, foram os autores dos gols. “O clima dessa partida foi um dos mais mágicos que já presenciei em todos os jogos que já foi no Morumbi. A torcida do São Paulo nunca decepciona em grandes decisões”, diz Luiz Gustavo, sócio torcedor do clube.
Rogério Ceni, além de artilheiro da equipe na temporada, se consagrou como o melhor goleiro do Brasil na época e foi indicado no prêmio “Ballor d’ Or” da revista France Football.
O time são-paulino de 2007 entrou para a história como a melhor zaga da competição (apenas 19 gols sofridos) e como uma das maiores distâncias para o segundo colocado. O São Paulo “passeou” pelo segundo ano consecutivo, com 23 vitórias, 8 empates e 7 derrotas. Um aproveitamento de 67%. O título fez ainda com que o São Paulo levasse a famosa “Taça das Bolinhas”, criada pela Caixa Econômica Federal e que seria entregue ao primeiro pentacampeão.
2008: O HEXACAMPEONATO E O FIM DA ERA MURICY
Com dois títulos de Campeonato Brasileiro seguidos, a diretoria do São Paulo parecia ter subido “o poder à cabeça”: a Libertadores era o foco principal. E para isso, Muricy teve que se reinventar novamente, pois muitas peças importantes saíram do time, como Leandro, Souza, Aloísio e Breno. Mas alguns bons jogadores também vieram para a disputada da Libertadores, como o lateral Joílson, o zagueiro Rodrigo e os atacantes Éder Luís e Adriano.
O começo do ano não foi dois melhores. Já no Paulistão, uma eliminação amarga contra o Palmeiras, por 2-0 e um show do chileno Valdívia. Na Libertadores, o São Paulo teria pela frente, na fase de grupos, o Atletico Nacional, da Colômbia, o Audax Italiano, do Chile e o Sportivo Luqueño, do Paraguai. Novamente sem dificuldades, a equipe de Muricy se classificou com três vitórias, dois empates e uma derrota. Nas oitavas, o adversário foi o Nacional do Uruguai. Após empate sem gols na ida, o Tricolor venceu sem dificuldades na volta, com um 2-0.
Nas quartas, o São Paulo jogaria novamente com um time brasileiro e já estava sendo criado um certo “trauma” com jogos contra brasileiros na Libertadores. O Fluminense veio ao Morumbi para o jogo de ida e saiu derrotado, com um gol de Adriano. No jogo de volta, um dos mais emocionantes da história da competição, o São Paulo perdia por 2-1 até os acréscimos da segunda etapa e se classificava com esse resultado. Porém, numa bola de escanteio, o atacante Washington marcou de cabeça o gol da classificação do tricolor carioca.

A eliminação na Libertadores foi muito sentida na época por todos. Os jogadores, o técnico, a torcida e principalmente a diretoria, que chegou a repensar a continuidade de Muricy. Todos esperavam mais do São Paulo naquele ano.
Pra piorar a situação, o Tricolor começou mal o Campeonato Brasileiro. Estreou perdendo para o Grêmio por 1-0 e empatou três vezes consecutivas com Atlético-PR (1-1), Coritiba (1-1) e Santos (0-0). Muricy tinha pela frente a missão de vencer o Brasileirão após duas eliminações traumáticas no Paulista e na Libertadores.
A primeira vitória da equipe veio apenas na quinta rodada e foi com grande estilo: uma goleada de 5-1 sobre o Atlético-MG. Na 6ª e 7ª rodada, outras duas vitórias contra Flamengo (4-2) e Sport (1-0). Mas a equipe ainda dava sinais de instabilidade e fez apenas dois pontos nas próximas três rodadas: empates contra Cruzeiro (1-1) e Ipatinga (1-1) e derrota contra o Náutico (2-1).
Apenas na 11ª rodada o São Paulo dava sinais de que poderia lutar por algo maior naquela competição. Foram três vitórias consecutivas contra Palmeiras (2-1), Vitória (3-1) e Botafogo (2-1). Muricy abusava do “muricybol” para vencer jogos e a defesa vinha melhorando.
Com 10 pontos de 18 possíveis nas últimas cinco rodadas do primeiro turno, o São Paulo fechou o primeiro semestre com duas eliminações e um quarto lugar no Campeonato Brasileiro. Era improvável uma volta por cima, mas não impossível.
Na primeira rodada de returno e 20ª do campeonato, o São Paulo perdeu para o Grêmio por 2-0, fora de casa. A partir daí o objetivo da equipe de Muricy era não perder mais nenhuma vez na competição. E assim o fez. Apesar de não ter nenhuma grande sequência de vitórias consecutivas, o São Paulo ficaria até o fim do Brasileirão sem perder. As próximas três rodadas foram de empates contra Coritiba (2-2), Santos (0-0 e Atlético-MG (1-1).
Uma vitória contra o Flamengo na 25ª rodada, por 2-0, colocou a equipe na terceira posição. Com mais um empate após isso, contra o Sport (0-0, o São Paulo embalou mais três vitórias, contra Cruzeiro (2-0), Ipatinga (3-1) e Náutico (1-0).
O clássico contra o Palmeiras na 30ª rodada marcava um confronto direto e uma oportunidade do São Paulo de encostar nas primeiras colocações. Com gols de Dagoberto e Rogério Ceni, o time saiu na frente mas deixou o Palmeiras empatar no final.
Vitória, Botafogo, Internacional, Portuguesa, Figueirense e Vasco faziam a tabela de próximos jogos do São Paulo. Na época, era considerada uma sequência razoável e o time de Muricy venceu todos eles e conseguiu a liderança do rival Palmeiras.
Com um empate na 37ª rodada, contra o Fluminense por 1-1, o São Paulo precisaria só dele para ser campeão na última rodada, contra o Goiás. Aos 22 minutos de jogo, o artilheiro Borges marcou o único gol da partida e decretou o sexto título nacional do São Paulo.
Em um ano de desmanche de elenco, eliminações traumáticas e muitas outras dificuldades, Muricy, Rogério Ceni e outros lideravam o São Paulo ao terceiro título brasileiro consecutivo. Nas comemorações, a imagem de Muricy batendo em seu braço, com raiva, ficaram marcadas para sempre.

Muricy havia sido cobrado como nunca em 2008 e no próximo ano não seria diferente. O São Paulo foi eliminado novamente por uma equipe brasileira, na Libertadores de 2009 e a pressão sobre Muricy foi suficiente para a diretoria são-paulina demiti-lo. Depois da demissão do ídolo do Tricolor, o time nunca mais venceu uma competição nacional.
O PÓS-MURICY E AS CRISES CONSTITUCIONAIS
Depois da demissão de Muricy, o São Paulo teve mais de 20 técnicos. Nenhum deles conseguiu levar o time a conquistar uma competição nacional. Em 2012, Ney Franco foi campeão da Copa Sul-Americana, mas foi apenas isso. Em 10 anos, apenas um título de (pouca) relevância. Em todos esses anos, surgiram dezenas de casos de corrupção no clube, de brigas internas, demissões de dirigentes, confusões com jogadores, entre outros. O time que se acostumou com muitos títulos teve que se acostumar agora com anos de seca e muita “dor de cabeça”.
Em 2018, o São Paulo flertou com a liderança do Brasileirão como há muito tempo não flertava. Mas isso durou pouco e logo Diego Aguirre, o técnico que levou o time à primeira posição, foi demitido.

OPINIÃO
O blog Na Marcação foi atrás de jornalistas e torcedores para entender como a equipe vencedora de 2005 a 2008 se tornou o time apático de hoje.
* Yago Rudá, setorista do São Paulo no Lance!
- Yago, já são 6 anos sem um título importante e 10 anos sem o título do Brasileirão. Por que você acha que o São Paulo saiu de um "exemplo de gestão" para um time limitado e com grandes problemas estruturais?
- A condução da gestão do departamento de futebol precisa ser feita de maneira contínua e integrada com os demais setores do clube. Por alguns anos, e muito disto por conta da profunda crise política que o São Paulo viveu em seu passado recente, o rendimento do time em campo não saia conforme o esperado. As constantes mudanças na direção resultaram em constantes mudanças no comando técnico do time profissional. Como consequência da individualidade de cada treinador, a equipe passava a atuar de diversas formas diferentes ao longo de uma mesma temporada. Com tanta mudança, o time não entrosava e os resultados não apareceram. De forma geral, foi isso que aconteceu no São Paulo nessa última década. Por outro lado, é importante ressaltar que o São Paulo não tem grandes problemas estruturais como parece. O clube tem um estádio grande, histórico e, principalmente, rentável. Ainda possui um excelente centro de treinamento para as categorias de base e um centro de treinamento que atende todas as demandas do futebol profissional, embora haja a necessidade de algumas reformas na Barra Funda. O São Paulo também tem se preocupado em pagar suas dívidas e se aproximar de sua torcida com ações sociais no Morumbi. Portanto, o clube tem pensado em seu futuro. Quanto à qualidade técnica do time, isso demanda tempo e continuidade. Esse atual elenco foi formado ao longo desta temporada e é normal encerrá-la sem a conquista de um título.
*João Maria, torcedor fanático do São Paulo.
- João, o último título importante foi a Sul-Americana em 2012. Antes dela, apenas o Brasileirão em 2008. Qual a sua opinião sobre essa queda do São Paulo?
- É uma queda que passa principalmente pelo administrativo tricolor. Desde seu presidente (atualmente Leco) até a diretoria, que finalmente recebeu uma boa melhora com a integração de Ricardo Rocha, Raí e Lugano de 2017 para 2018. Ainda assim, me incomoda muito a ‘pequeneza’ que o clube adquiriu ao longo desses anos, apesar de em 2014 quase faturar o brasileirão e em 2016 ter chegado na semifinal da Libertadores com um elenco limitadíssimo em termos de qualidade. As contratações também tem sido um ponto fora da curva, trazer jogadores que vivem de nome ao invés de nomes novos dentro do país ou até mesmo fora do país (as diversas joias sul-americanas que pintam nos diversos campeonatos afora).
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